10 DICAS PARA O ADVOGADO FALAR BEM EM PÚBLICO
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Audiências, sustentações orais e palestras. O advogado, durante a sua carreira, está sujeito a ter que falar em público, a se manifestar publicamente sobre assuntos muitas vezes delicados ou complexos.
Em razão dessa necessidade, preparei dez dicas práticas para o advogado falar em público:
1) Naturalidade: nenhuma técnica de oratória é mais importante do que a naturalidade. Por mais que se possa aperfeiçoar e treinar falar em público, nada substitui a naturalidade do interlocutor.
2) Pronuncie bem as palavras: pronuncie completamente todas as palavras. Não omita a pronúncia do “s” e do “r” no final das palavras e do “i” intermediário. Faça exercícios para melhorar a dicção com o dedo ou um lápis/caneta entre os dentes, procurando pronunciar as palavras da forma mais clara possível.
3) Fale com boa intensidade: se falar muito baixo, as pessoas não o ouvirão, se falar muito alto, além de se cansar rapidamente, você poderá irritar os ouvintes. Fale com o volume de voz adequado para cada ambiente e situação.
Entretanto, nunca deixe de falar com entusiasmo e vibração: se não demonstrar interesse pelo assunto que transmite, não conseguirá também interessar e envolver a plateia.
4) Fale com boa velocidade: não fale rápido demais, nem muito devagar. Treine utilizando um gravador para conhecer a velocidade de sua fala e decidir-se qual é o estilo mais adequado.
5) Fale com ritmo: alterne o volume da voz e a velocidade da fala para construir um ritmo agradável de comunicação. Quem se expressa com velocidade de fala e volume constantes acaba por desinteressar os ouvintes, não pela falta de conteúdo, mas pela falta de entusiasmo na apresentação.
6) Tenha vocabulário adequado: o vocabulário deve ser isento de termos considerados vulgares, como gírias e palavrões. Além disso, o vocabulário jurídico deve ser utilizado apenas nas situações que assim o exigem (v.g., alegações finais e sustentações orais), devendo-se, em outros casos, se empregar linguagem formal (porém, sem “juridiquês”).
7) Cuide da gramática: estude muito bem a gramática da língua portuguesa e leia bons livros. Um deslize gramatical, dependendo da sua gravidade, poderá atrapalhar a apresentação ou até mesmo comprometer sua imagem.
8) Tenha postura correta: a linguagem corporal é muito importante para a comunicação. Dessa forma, sempre se posicione muito bem. Ao falar, procure não colocar as mãos nos bolsos, nas costas, cruzar os braços, nem se debruçar sobre a mesa cadeira ou tribuna.
Deixe os braços naturalmente ao longo do corpo ou acima da linha da cintura e gesticule com moderação. O excesso de gesticulação é quase sempre mais prejudicial do que a falta.
Distribua o peso do corpo sobre as duas penas, evitando o apoio ora sobre uma perna, ora sobre outra.
Também não se movimente desordenadamente de um lado para o outro e, quando estiver parado, não abra demasiadamente as pernas. Só se movimente se pretender se aproximar dos ouvintes ou enfatizar determinada informação.
Não relaxe a postura do tronco com os ombros caídos, pois poderá passar uma imagem negligente ou de excesso de humildade. Cuidado também para não agir de forma contrária, levantando demasiadamente a cabeça, e não mantenha uma posição rígida do tórax, pois poderá passar a imagem de arrogante e prepotente.
Deixe o semblante sempre descontraído e, se possível, sorridente.
Não fale em alegria com fisionomia fechada, nem em tristeza com face alegre. Lembre-se sempre que é preciso existir coerência entre o que falamos e o que demonstramos na fisionomia.
Ao falar, olhe para todas as pessoas para ter certeza que estão ouvindo e prestando atenção em suas palavras. Principalmente ao ler, esse cuidado deve ser redobrado, pois existe sempre a tendência de olhar quase o tempo todo para o texto, esquecendo a presença dos ouvintes.
9) Tenha início, meio e fim: toda fala, seja ela uma conversa entre amigos ou uma apresentação, precisa ter lógica, o que implica que tenha começo, meio e fim.
Para atingir esses objetivos, pode usar as seguintes dicas: i) conte uma pequena estória que tenha estreita relação ao conteúdo que será abordada (estórias normalmente despertam o interesse dos ouvintes); ii) elogie sinceramente os ouvintes; iii) use uma frase que provoque impacto; iv) diga que não irá consumir muito tempo; v) faça uma citação de autor respeitado pela plateia; vi) use um fato bem-humorado (entretanto, evite piadas); vii) levante uma reflexão sobre o tema; viii) demonstre sutilmente que conhece o assunto e que possui experiência; ou ix) aproveite alguma circunstância fazendo um comentário sobre alguém presente ou que tenha falado há pouco, ou ainda sobre acontecimentos conhecidos dos ouvintes.
No início você deve evitar: i) pedir desculpar por estar com problemas físicos (gripe, resfriado, dor de cabeça, etc.) ou por não estar devidamente preparado para falar; ii) contar piadas; iii) fazer perguntas quando não desejar a resposta; iv) tomar partido sobre assuntos polêmicos; v) começar com “chavões” ou frases feitas; e vi) fazer citações de autores muito polêmicos.
Saiba ainda que o início deverá ser breve, neutro e guardar independência do restante da fala.
Na primeira parte do meio, prepare o tema a ser abordado: fale uma frase ou duas sobre a matéria que irá abordar. Em seguida, faça um relato histórico do tema ou levante um problema para o qual dará solução.
Finalmente, fale sobre as etapas do assunto que irá desenvolver. Na segunda parte, desenvolva o assunto principal atendendo ao que foi preparado. Se fez um relato histórico, agora fale do presente; se levantou um problema, agora fale da solução; se dividiu o tema, agora cumpra as etapas prometidas. Use comparações, exemplos, estatísticas, testemunhos, enfim, todos os argumentos que dispuser para confirmar o conteúdo de sua exposição. Se sentir que há objeção às suas afirmações, este é o momento de refutá-las.
No final, faça uma breve recapitulação. Em apenas uma ou duas frases, faça um resumo do que apresentou. Em seguida, para encerrar, use os mesmos recursos sugeridos para iniciar: elogiar o auditório, fazer uma citação, aproveitar uma circunstância, um fato bem-humorado, levantar uma reflexão, etc. Além disso, poderá pedir que reflitam ou ajam de acordo com suas propostas.
Evite encerrar dizendo: “era isso que eu tinha para falar”. Nem utilize outras formas vazias, sem objetividade.
10) Fale com emoção: fale com entusiasmo, vibre com a sua mensagem, demonstre emoção e interesse nas suas palavras e ações. Assim, terá autoridade para interessar e envolver os seus ouvintes.
Matheus Herren Falivene de Sousa
Advogado criminalista do escritório Falivene Advogados. Mestre e doutor em Direito Penal pela Universidade de São Paulo (USP). Membro da Comissão de Direito Penal da OAB São Paulo.
Fonte da imagem: Pixabay.
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